Vamos aqui tratar aspectos relativos à concepção e produção de um recurso
técnico-pedagógico tradicional da formação, embora cada vez menos utilizado
face às novas possibilidades tecnológicas do domínio das apresentações
informáticas.
No final desta unidade deve ser capaz de :
Reconhecer a importância do diapositivo enquanto recurso técnico-pedagógico;
Ser capaz de preparar e estruturar diapositivos adequados em termos
técnico-pedagógicos;
Identificar as características essenciais de um diapositivo.
6.2 Conceito e aplicação
“A todo o momento recebemos informações através dos sentidos, da visão, do
olfacto, ... em cada cem informações que recebemos oitenta são visuais, dessas
quarenta são cromáticas, ou seja recebidas através da cor.
Assim poderemos dizer que a cor é indispensável ao homem para que conheça o
mundo que o rodeia, isto porque esse mundo é caracterizado pela luz e pela cor.
São estas últimas que ajudam a compreender o espaço, a definir o que está longe
e o que está perto, o que tem volume, ... .”
O diapositivo, também designado por “slide”, não é mais do que uma
imagem registada em película positiva ou em outra base transparente, a
preto e branco ou a cor, com o objectivo de posteriormente vir a ser
visualizada por projecção.
Pode ser montado em caixilho ou apresentar-se em filme (em séries de 20 até 50
fotogramas), tomando então a designação de diafilme.
Existe em vários formatos sendo o mais comum o de 35mm.
A qualidade da imagem proporcionada por um diapositivo é superior à que
pode¬mos obter com a impressão sobre um material opaco, como acontece com a
fotografia. O brilho e a definição da imagem e a possibilidade de ampliação
valorizam-no como um efeito visual de elevada eficácia. Essa eficácia pode ser
condicionada pela qualidade do registo e do sistema óptico utilizado para a
projecção e pelas condições de conservação do mesmo.
A projecção permite-nos sequenciar o conjunto das imagens por uma determinada
ordem, de modo a conseguirmos um efeito visual de grande impacto e,
simultaneamente, de¬linearmos a evolução de uma “história”. As projecções com
dois ou mais aparelhos podem ser combinadas sobre o mesmo ecrã, conseguindo-se
uma multiplicidade de efeitos.
Adequa-se à generalidade das actividades pedagógicas, salientando-se pelo seu
interesse, as seguintes:
Ilustração de textos, seja sob a forma de narrativa, poesia, ... .
Ensino da técnica da narrativa pela ordenação de ideias.
Cenário para dramatizações;
Apresentação de obras do património artístico (arquitectura, pintura,
es¬cultura, ...);
Relato visual de experiências;
Preparação / exploração de actividades várias;
Revisão de aspectos essenciais de actividades ou procedimentos.
Pode ser confeccionado, com facilidade e a baixo custo, adaptando-se às
necessi¬dades de formação. Existe no mercado, em colecções ou avulso, mas a um
custo relativamente elevado.
O diaporama ou montagem audiovisual é um documento áudio – scripto -
visual resultante da combinação e encadeamento de um conjunto de imagens fixas
(diapo¬sitivos) e de um conjunto de sons (banda sonora). As bandas visuais e
sonora devem constituir um todo harmoni¬oso e ritmado.
Favorece a comunicação, sendo um poderoso auxiliar para desbloquear as relações
num grupo, persuadir, informar, planear, avaliar, recriar,... .
Permite que o animador fique disponível para a observação do grupo, caso se
opte pela sincronização automática entre a imagem e o som.
Estimula a concentração e fomenta a disciplina do grupo, desde que a duração
não exceda os 15 a 20 minutos.
Torna-se um excelente ponto de partida para o debate de ideias, em pequeno
grupo, podendo ou não ser complementado com outros documentos audiovisuais, em
especial transparências, utilizadas para comunicar ao grande grupo as
conclu¬sões do debate em pequeno grupo.
A exemplo do que acontece com os diapositivos, também o diaporama pode ser
projectado por dois ou mais projectores sincronizados (imagem e som),
obtendo-se efeitos de:
Fundido – dissolução lenta de uma imagem enquanto, sobreposta a ela,
surge outra com um máximo de luminosidade;
Encadeado – substituição da imagem projectada por um aparelho pela
imagem projectada por outro;
Multidivisão – projecção, em simultâneo, de três, quatro ou mais
imagens numa grande tela, de modo que os contornos de cada uma fiquem
justapostos, por forma a originar uma única imagem.
A sincronização permite fazer funcionar os projectores por meio de impulsos
grava¬dos numa fita de áudio. Para isso é indispensável um gravador que
re¬giste o som que se pretende associar à imagem – música, comentários, efeitos
sonoros, ... - e os “tops” correspondentes ao impulso que define o momento em
que o diaprojector deve avançar para o diapositivo seguinte. A sessão
audiovisual assim estruturada funcionará por si só, enquanto a gravação durar.
O diaporama pode veicular, com exactidão e clareza, um conjunto de noções e
in¬formações em ordem a uma aprendizagem eficiente – diaporama didáctico
– ou propor com firmeza, vivacidade e contraste uma ou mais questões com o
objectivo de despertar a sensibilidade do participante e provocar o seu
envolvimento – diaporama de sensibilização. O primeiro pode, por
exemplo, ser utili¬zado para ilustrar o funcionamento e utilização correcta de
um equipamento e o se¬gundo é muitas vezes utilizado para suscitar o debate ou
movimento de opinião. Podemos ainda considerar o diaporama documental como
aquele que se baseia no levantamento de dados de determinada região.
6.3 Metodologia da Acção
A planificação de uma sessão de diapositivos e de um diaporama é idêntica,
acres¬cendo para este último a definição dos sons que se pretende associar a
cada dia¬positivo.
A exemplo do que acontece na planificação de qualquer actividade, também aqui
importa res¬ponder a um conjunto de questões:
Que objectivo(s) pretendo alcançar? Simples acção de divulgação? Debate?
Síntese? Demonstração?
Que conteúdo(s) pretendo ilustrar? Com que imagem?
Vou optar por uma apresentação de diapositivos ou programar um diapo¬rama?
Neste caso, que sons (música, narrativa, sons da natureza, ...) vou associar a
cada imagem? Como os obter? Realizando eu próprio o registo ou obtendo-o em
circuito comercial?
Vou produzir diapositivos fotográficos? Vou elaborá-los por processos
in¬formáticos? Ou estruturá-los-ei por processos mais artesanais?
Disponho do equipamento necessário? Ou vou recorrer a um profissional ou a
uma instituição que possua esses meios?
Após a obtenção de resposta a este conjunto de questões (outras as podem
complementar), devemos então elaborar um guião do qual constem os
procedimentos a seguir para a produção dos diapositivos. Este pode organizar-se
segundo uma grelha como a que a seguir se apresenta, apenas e só a título de
exemplo:
Nº Imagem
Conteúdo a ilustrar
Imagem
Obtenção de Imagem
Procedimento final
Tempo de exploração
1
Acidentes de trabalho
Tabela constante de um estudo estatístico realizado por ...
Digitalização da tabela, tratamento em PowerPoint e posterior revelação como
diapositivo fotográfico 35mm
Recorrer a uma casa da especialidade para a realização do diapositivo
fotográ¬fico (transporte em disquete ou CD-Rom)
20 s
2
Condições míni¬mas de segu¬rança a cumprir por um trabalhador de construção
civil.
Fotografia de um trabalhador de construção civil equipado com capacete, botas e
luvas de protecção.
Registo fotográfico, com filme reversível de 400/27º ISO
Revelação em casa da especialida¬de
15 s
3
Acidentes ocorridos com trabalhadores da construção civil.
Acidentado por queda de grande altura, devido à falta de protecção adequada
Desenho em película de acetato, com canetas de tinta permanente
Recorte à medida e montagem em caixilho plástico reutilizável
10 s
...
...
...
...
...
...
Grelha de planificação da produção de diapositivos fotográficos (exemplo)
Se o documento a elaborar é um diaporama e já se possuem as imagens, há que
decidir também pela utilização de sons preexistentes, originais ou outros.
O guião pode traduzir-se então nesta outra grelha:
Nº ordem da imagem
Imagem (descrição)
Som
Duração
Narrativa
Música
Ruído
Silêncio
Grelha de planificação da produção de um diaporama (exemplo)
Se ainda não possui as imagens, pode utilizar o guião definido para a
elaboração dos diapositivos, acrescido das colunas deste, correspondentes ao
som.
Terá assim a noção de conjunto do documento antes de iniciar a acção.
Tenha em conta que uma sessão, seja de diapositivos ou diaporama, não deve
exceder os 15 a 20 minutos. Na consideração de que cada imagem não deve
permanecer mais de 15 a 20 segundos, cada sessão não deverá exceder os
50 a 80 diapositivos. Os valores apresentados são simples referências e
dependerão sempre dos objectivos definidos, das características do público e,
muito, da criatividade que empenharmos na elaboração do documento.
6.4 Os Materiais e Equipamento
O material e equipamento necessário para a produção de diapositivos varia
consoante o processo utilizado.
A produção pelo método fotográfico exige uma câmara fotográfica e filme
diapositivo ou “reversível”. Eventualmente, necessitaremos também de um tripé e
de um cabo disparador. O filme deve ser de película rápida ou média, para luz
do dia ou luz artificial, conforme a captação das imagens seja realizada em
espaço exterior ou em “estúdio”.
A revelação e a colocação em caixilho plastificado podem ser solicitadas em
casa da especialidade. Existem caixilhos monobloco – após a produção
adquire estrutura permanente – ou reutilizáveis – permitem a desmontagem
e a remontagem. Ao nível profissional ou em situação de utilização frequente,
devem utilizar-se caixilhos com lamelas de vidro, elevando assim o nível de
protecção da película face aos efeitos inerentes à luminosidade e aquecimento
da projecção.
Se já possuirmos a imagem necessária, seja sob a forma de fotografia ou como
imagem de um livro ou revista, podemos proceder à sua reprodução por meios
fotográficos, recorrendo para esse efeito a uma mesa de reprodução. Esta possui
um eixo de fixação da máquina e uma plataforma para a colocação da imagem. A
operação deve ser realizada num “estúdio”.
Mas se já possui um diapositivo que tem não só a imagem que lhe interessa mas
outra, necessitará apenas de mais um porta diapositivos para adaptar à
objectiva da câmara e um “fole” para ampliar ou seleccionar a parte da imagem
que interessa.
Caso se use uma câmara digital, a imagem pode imprimir-se directamente,
solicitar a reprodução a partir do suporte da própria máquina ou proceder à
fotocomposição através de software informático próprio para o efeito, após o
que se procede ao seu registo em novo suporte (CD, por exemplo) e se solicita a
produção em laboratório. Nem todos os laboratórios estão preparados para este
tipo de produção.
É também possível elaborar os diapositivos por composição a partir de meios
informáticos e com base em imagens, figuras, desenhos,... . Por exemplo, o
software PowerPoint permite-nos a produção de diapositivos de 35mm.
Grelha de planificação da produção de um diaporama (exemplo)
Após gravados os respectivos ficheiros em disquete de 3,5” ou em CD-Rom
recorre-se, igualmente, a um laboratório equipado para este efeito.
O procedimento mais artesanal, baseado no desenho ou fotocomposição manual –
recortes de revistas, livros ou outros documentos – pode conduzir a um efeito
diferente, embora nem sempre se consiga obter uma boa qualidade. Esta estará
também dependente da arte manual de cada um. O desenho pode ser desenvolvido
sobre acetato ou outro tipo de película transparente, com tintas indeléveis. Na
fotocomposição manual, após procedermos à distribuição dos motivos sobre uma
base opaca, recorremos à fotocópia térmica para transparência, à utilização de
verniz adequado para gerar a transparência de materiais de base opaca ou à
fixação em filme fotográfico diapositivo. No caso da utilização de verniz, a
diminuição de qualidade em termos de transparência é compensada pela variedade
de efeitos que a luz produz ao atravessá-lo, devido à irregularidade dessa
mesma transparência.
Também aqui é possível transpor o nosso produto para uma base informática,
utilizando um digitalizador de imagem.
Se o objectivo é a montagem de um diaporama, deveremos dispor ainda de: um
equipamento de registo de som, microfone, unidades de reprodução dos sons
entretanto obtidos, mesa de mistura de áudio (preferencialmente) para
realizarmos a mistura dos sons (se for o caso), unidade de sincronismo entre a
imagem e o som, ... . Tudo dependerá de querermos o bom ou o óptimo
em termos de produto final.
6.5 A Produção
A produção é o passo mais delicado e exige muita experimentação e persistência.
Apesar de ser esse o nosso desejo e por mais completa que seja a nossa
planificação, só por um acaso de “sorte” conseguimos, no imediato, a qualidade
que desejamos para o nosso produto.
Diapositivos
A obtenção do elemento visual – o diapositivo - inicia a nossa acção.
Pela planificação realizada temos já a noção do número de imagens que vamos
realizar, as condições previsíveis em que as vamos registar e o correspondente
processo de fixação. Procuremos, então, explorar algumas das possibilidades que
se nos apresentam:
Desenhos sobre diversos suportes
Pode realizar-se um diapositivo rudimentar aproveitando a habilidade manual e
estética que cada um possui. Esboçá-lo primeiro ou executá-lo de imediato é uma
opção própria. É óptimo para gerar uma sequência de animação, quando não
podemos obter as imagens por outro meio ou quando pretendemos gerar um impacto
diferente.
Se realizarmos previamente o esboço, temos de recorrer à redução por fotocópia,
para o tamanho de enquadramento do caixilho do diapositivo, o qual pode ser
quadrado (Ex: 28 x 28mm) ou rectangular (Ex: 24 x 36mm).
Ao realizá-lo directamente sobre acetato temos de ter desde logo em conta essa
dimensão. As canetas deverão ser de bico fino para maior definição do traço na
imagem. Uma caneta de bico mais grosso origina uma imagem de contornos
esbatidos e confusos.
A colocação no caixilho também é importante. Este possui, habitualmente, uma
marca de posição, que deve ficar para cima. O diapositivo, quando virado para
nós, deve apresentar-se dupla ou simplesmente invertido, conforme contenha
imagem e texto (imagem invertida e texto da direita para a esquerda) ou apenas
imagem.
Posição correcta de colocação do diapositivo no diaprojector
Reprodução de documentos
As imagens a utilizar podem provir de livros, revistas ou outros documentos e
ser registadas individualmente ou através da sua composição.
Para registá-las na forma em que se encontram e caso possua uma mesa de
reprodução, o procedimento a seguir será o seguinte:
Carregar a câmara com película rápida e adequada para luz artificial (em
estúdio) ou para luz-do-dia (á luz do dia);
Fixar a câmara no suporte da mesa de reprodução (ou ampliador);
Apoiar e estabilizar o documento na base da mesa de reprodução;
Iluminar o motivo, procurando que o ângulo de incidência da luz seja da ordem
dos 45º;
Aproximar ou afastar a câmara, deslizando-a sobre a haste, por forma a captar
apenas a parte da imagem que interessa.
Mesa de reprodução fotográfica
Após todas as regulações (não se esqueça de optar por uma velocidade de
obturação baixa – 1/30, por exemplo) deve proceder ao disparo, de preferência
com um cabo disparador.
Não possuindo uma mesa de reprodução, pode obter efeito idêntico se colocar a
câmara num tripé, mais ou menos afastado de uma parede, onde colocará a imagem
a fixar. A imagem deve ser colocada sobre uma cartolina preta a fim de evitar
reflexos indesejáveis. A dificuldade de estabilização do documento nesta
posição é um óbice, mas apela-se à imaginação de cada um no sentido de o
ultrapassar.
A composição das mesmas pode ser realizada a partir do recorte e montagem sobre
um suporte, procedendo depois como o já descrito ou efectuando registos
múltiplos, caso a câmara utilizada o permita.
Se assim for, a câmara não avança o filme senão ao fim de determinado número de
disparos, sobrepondo os vários motivos no espaço correspondente a um fotograma.
A velocidade de obturação tem de ser adaptada: se a definida para um disparo
fosse 1/30, ao realizar 4 disparos sobre o mesmo fotograma deve regulá-la para
1/125 (1/30 x 4 1/125).
A reprodução de fotografias em diapositivos sofre processo idêntico, dado que
ela é também um documento.
Reprodução de transparências
Na impossibilidade de efectuar novos registos, pode necessitar de reproduzir
parte da imagem de alguns diapositivos que já possui, ou reproduzir um ou
vários diapositivos de uma outra colecção.
Para este efeito, deve carregar a câmara com filme diapositivo rápido, adequado
a luz artificial ou luz-do-dia, conforme o caso.
Depois terá de estabilizá-la sobre um tripé e ligar o cabo disparador.
Necessita ainda de adaptar um fole entre a câmara e a objectiva, bem como um
chassi de diapositivos na extremidade da objectiva.
Reprodução total ou parcial de diapositivos
Todo o sistema deverá ser direccionado para uma fonte de luz artificial ou para
a luz do dia, após o que se tira a “fotografia” usando o disparador. Para
ampliar motivos do diapositivo, basta ajustar o fole.
Reportagem realizada no exterior
Esta é com certeza a opção mais fácil e a que menos equipamento requer. Uma
câmara, o filme reversível ou diapositivo, tripé e cabo disparador adequados
para as baixas velocidades de obturação a utilizar, filtro polarizador para
evitar reflexos indesejados e, eventualmente, um pára-sol para a objectiva.
Deve proceder então como se de uma fotografia se tratasse: fixe o
enquadramento, a profundidade de campo, o realce de um ou outro pormenor e...
dispare, mas com o cabo disparador. Assim, tem a garantia de que não “tremerá”
o registo. Depois é só recorrer a um laboratório para a reprodução.
Em qualquer dos processos descritos é prudente realizar mais do que um registo
de cada motivo, com condições de enquadramento, iluminação e profundidade
diferentes, o que lhe permitirá optar, posteriormente, pelo de melhor efeito.
Diaporama
O comentário, a música, os ruídos ou o próprio silêncio – banda sonora do
diaporama – só adquirem pleno significado quando conjugados e
apreciados sob a luz que se projecta no ecrã para formar as imagens que compõem
a banda visual.
Comece por fazer uma “passagem” dos diapositivos. Se algum deles não apresentar
uma imagem perfeitamente clara e definida, deve retirá-lo. Posteriormente
poderá optar pela sua substituição ou simplesmente pela sua anulação. Uma
imagem menos boa pode prejudicar todo o conjunto e, qualquer que seja a
natureza do público, será com certeza exigente.
Este procedimento permite constatar a qualidade das imagens e ficar com uma
primeira sensação de conjunto. Mas não se vincule demasiado ao guião
pré-definido. Caso considere que o efeito visual melhora significativamente ao
alterar a sequência de imagens, não hesite, faça-o.
Se tomarmos como referência uma sessão com cerca de 50 diapositivos, ela deve
ser constituída por:
Um (?) diapositivo como genérico;
Uma sequência conjugada de diapositivos descritivos (70%) e simbólicos (25%);
Um (?) diapositivo de conclusão.
Só então será trabalhada a banda sonora e também em relação a ela existem
várias opções. Recolhidas as músicas e/ou registados os sons, preferencialmente
em suportes diferentes conforme a sua categoria (música, narrativa, ruídos,
...), procede-se à sua montagem . A música de conclusão deve ser idêntica ou
sequencial da do genérico. A narrativa deve ser clara, pausada e apenas quanto
baste. Pode ser realizada antecipadamente ou no próprio momento da montagem.
Diaporama com sincronização manual
Qualquer diaprojector ou projector de diapositivos, quase sem excepção, vem já
equipado com um dispositivo de temporização da exposição de cada diapositivo,
pelo que se deve iniciar por temporizar a série completa.
Caso o equipamento não possua o dispositivo de temporização terá de recorrer a
uma segunda pessoa, para que proceda ao avanço manual dos diapositivos na
cadência programada.
Diaprojector com temporizador
Ligue o aparelho que realizará o registo da banda sonora à mesa de mistura de
áudio (saída – out). À entrada serão ligados todos os equipamentos reprodutores
de áudio, adequados ao tipo de registo, incluindo o microfone para a narrativa,
caso a haja e optarmos por a realizar no momento da montagem.
Inicie a sequência dos diapositivos e vá registando o som correspondente a cada
um. Projecte o primeiro diapositivo e registe o som correspondente a ele.
Quando esta conjugação o satisfizer, projecte o segundo diapositivo e registe o
som que definiu para o acompanhar e assim sucessivamente.
Esta é uma tarefa complexa e que exige repetições sucessivas, seja porque o som
não “entrou” no momento exacto ou porque se prolongou para além do limite
definido.
Nos momentos de narrativa deve manter a música, diminuindo o seu volume por
forma a tornar audível a primeira, mas desenvolvendo uma relação de
“cumplicidade” com a segunda. Procedimento similar deve ser desenvolvido para
os ruídos.
Muitas horas depois vai-se sentir exausto(a), mas recompensado(a).
No final só terá que fazer o “arranque” simultâneo das duas bandas - visual e
sonora - as quais se manterão até ao final.
Se o diascópio não estiver equipado com temporizador tem de se organizar uma
listagem de referências de entrada de cada um dos diapositivos e fazê-los
avançar manualmente.
Apesar de não ser fácil, é possível realizar uma sessão manual com fundidos e
encadeados. A coordenação para o avanço dos dois projectores de diapositivos
terá de ser extremamente concertada, evitando que a sucessão de imagens seja
diferente da desejada. Um só operador não será suficiente, pelo que terá de
recorrer a alguém que deve ter um perfeito conhecimento de todo o trabalho
realizado.
Diaporama automatizado
Os equipamentos audiovisuais integram uma das áreas tecnológicas que maior
evolução sofreu na última década. Dois parâmetros foram significativamente
incrementados: a qualidade e o nível de automatização. Em face desses
parâmetros, os equipamentos organizam-se em três categorias: os “domésticos” ou
de uso regular (custo acessível), os semi-profissionais (custo médio) e os
profissionais (custo elevado).
Tomando como referência o nível semi-profissional, são necessários dois
projectores de diapositivos ou um com duas objectivas (realização de fundidos e
encadeados), um gravador áudio com microfone incorporado (de preferência), uma
consola para a conjugação dos efeitos de fundido e encadeado e outra para a
sincronização do som com a imagem. Dependendo da marca do equipamento, as
funções destas duas consolas podem estar integradas apenas numa.
Equipamento semi-profissional para diaporama
Os equipamentos referidos serão ligados entre si, com cabos adequados,
funcionando a consola como órgão de convergência.
Projecte o primeiro diapositivo e inicie a leitura do som, resultante da
mistura prévia (montagem). No momento em que pretender avançar para a imagem
seguinte actue sobre o interruptor existente na consola – botão de registo de
“tops” - correspondente ao projector que contém essa imagem. No final, a banda
sonora conterá um registo sonoro audível e um outro de sinais inaudíveis
(“tops”). Estes vão comandar sucessivamente a entrada dos diapositivos, pela
sequência definida.
Ao nível profissional toda a actuação técnica é simplificada, pela
concentração de todos os mecanismos de automatismo e sincronismo no próprio
projector de base. Equipamentos há que, após a montagem do diaporama, permitem
a sua transposição para vídeo, possibilitando uma posterior apresentação em
televisão ou videoprojector com a manutenção de todas as suas características.
Equipamento profissional para diaporama
Em resumo, a sequência de planeamento, a organização de meios e a produção são
sempre idênticas. A automatização da produção é que pode ir do zero (?) até ao
mais alto nível.
6.6 Preparação de uma Sessão
Finalmente e após um longo processo, chega-se à fase de projecção, síntese de
todo um percurso produtivo. Mas a sessão de diapositivos ou o diaporama resulta
de muito empenho para vir a ser colocada em causa pelas condições de
apresentação. Mal seria que todo esse empenho colocado na produção ruísse por
pormenores que à partida poderão parecer insignificantes.
Após terminar a produção projecte os diapositivos ou o diaporama no local onde
vai realizar a apresentação. Tenha em conta que as condições onde realizou o
primeiro teste podem não coincidir com as do local da apresentação.
Assim, não esqueça de:
Escurecer suficientemente a sala (os equipamentos mais recentes quase não
necessitam que se escureça a sala);
Verificar as condições acústicas do local da apresentação;
Ajustar a distância de projecção e o foco da objectiva, de modo que a imagem
apareça nítida e não ultrapasse as dimensões do ecrã ou da área do ecrã, que
para ela definiu;
Definir a localização exacta de cada imagem no ecrã (imagem simples, fundido
e encadeado);
Colocar o(s) diaprojector(es) perpendicularmente ao ecrã e ao nível
horizontal da projecção, por forma a não gerar distorção na imagem;
Colocar o(s) diaprojector(es) num plano suficientemente elevado, para que os
participantes não possam interceptar a projecção, o que provocará sombras
indesejáveis no ecrã;
Realizar uma apresentação completa (não se limite apenas a uma parte), pois
só assim saberá se os diapositivos estão na sequência e posição correctas;
Convidar várias pessoas para assistirem a essa primeira apresentação,
dispondo-as por várias posições na sala e solicitando-lhes críticas e
sugestões.
No dia da apresentação verifique ainda o estado de limpeza das objectivas dos
diaprojectores e tenha de reserva uma ou mais lâmpadas.
6.7 Arquivo e conservação
A manipulação e utilização dos diapositivos, porque constituídos documentos
indispensáveis de trabalho ou porque evocativos de momentos que dificilmente se
voltarão a repetir, merece todo um conjunto de cuidados.
A fim de prolongar a sua duração com a mesma qualidade, deve evitar:
tocá-los directamente com os dedos;
expô-los à luz ambiente por grandes períodos de tempo;
aproximá-los ou expô-los ao calor;
permitir a infiltração de poeiras e humidade;
projectá-los por períodos de tempo superiores a 30 segundos;
aproximar os registos magnéticos (som) de campos eléctricos ou magnéticos.
O ideal será ter uma colecção para projecção, mantendo intactos os originais.
Embora mais caros, deve investir em caixilhos plásticos com lamelas de vidro.
Aumenta assim o nível de protecção dos diapositivos contra poeiras, humidade e
dedadas. A lamela de vidro garante também uma maior segurança durante a
projecção, funcionando como isolador térmico. É aconselhável para uso em
diaporamas ou sequências de diapositivos projectadas frequentemente.
O seu arquivo torna-se também importante, pela protecção e conservação que
possibilita e pela facilidade de consulta que daí pode advir.
As caixas rectangulares protegem os diapositivos da luz e poeiras,
embora torne a consulta lenta e pouco funcional. A possibilidade de riscos e
dedadas é grande, pois a consulta implica o seu manuseamento. O acesso a um ou
outro diapositivo é demorado. A solução para obviar a estes inconvenientes
passa pela organização de apresentações, mantendo-as num carregador
longitudinal, que esse sim será depois arquivado na caixa rectangular. A
capacidade destas caixas é variável, permitindo o arquivo de várias
apresentações, as quais devem ser devidamente referenciadas.
O arquivo em malas apropriadas proporciona uma protecção mais eficaz
contra poeiras e uma maior protecção mecânica, devido à existência de
compartimentos ajustados aos carregadores, sejam eles rectilíneos ou
circulares. No caso de um diaporama permitem arquivar os suportes de registo do
som conjuntamente com os diapositivos.
As folhas plásticas organizadas em dossier são uma solução
economicamente mais viável. Permitem uma consulta rápida através de um simples
olhar em contraluz, dando-nos uma percepção de conjunto de cada folha. As
folhas podem estar organizadas por temas (trabalho, segurança, mundo
industrial, paisagem, símbolos, ...) ou por apresentações. Não sendo necessário
o seu manuseamento directo, este processo protege os diapositivos de poeiras,
riscos e dedadas.
Em alternativa, pode organizar-se um ficheiro de arquivo em gavetas
adequadas para esse fim. Este processo facilitará a consulta e o manuseamento.
Após a identificação com uma sigla correspondente ao tema ou à apresentação,
são arrumados em folhas de plástico com estrutura de arquivo, por ordem
alfabética. Do ficheiro deve constar um índice de consulta.
6.8 Sugestões
Todo o nosso esforço terá sido pouco para a obtenção de um produto de qualidade.
Porém, não nos devemos nunca dar por completamente satisfeitos. Há sempre algo
que pode ser melhorado. Nesse sentido, aqui ficam algumas sugestões:
Realize sempre mais do que um registo de cada imagem, o que lhe permitirá
optar pela “melhor”;
Proporcione um efeito visual diferente projectando os diapositivos por detrás
de um ecrã translúcido;
Utilize diapositivos simbólicos para a transição de sequências, como elemento
de ligação e de unidade ou em momentos chave, para despertar a reflexão e
interiorização do tema;
Estabeleça uma lógica de ideias, mas também de cor, enquadramento e som, para
a sequência de diapositivos como para o diaporama;
Evite sequências de diapositivos ou diaporamas exageradamente longas;
Imponha um ritmo dinâmico, marcado pela grandiosidade das imagens e riqueza
da tonalidade dos sons;
Utilize a música como reforço e ampliação da significação das imagens;
Utilize a narrativa apenas como complemento da informação prestada pela
imagem e não para “explicar” a imagem;
Harmonize o elemento sonoro, utilizando um fundo musical contínuo sobre o
qual “misturará” os restantes sons (se os houver), procurando assim anular o
efeito de “manta de retalhos”;
Marque a diferença musical entre o genérico, o corpo da apresentação e a
conclusão. Realize, porém, uma transição suave em detrimento de um corte
abrupto.
6.9 Avaliação de um diapositivo
A avaliação de um diapositivo pauta-se pela análise dos mesmos parâmetros já
referenciados para a avaliação de uma fotografia. A forma mais prática de o
fazer é através da realização da sua projecção. Avalia assim a imagem obtida em
igualdade de condições com o espectador.
Um diaporama deve ser avaliado em função da análise ao nível de:
Qualidade de imagem: avaliação das imagens contidas nos diapositivos
conforme já descrito. De realçar que, mais do que na fotografia, o brilho e
definição das imagens são extremamente importantes.
Qualidade do elemento sonoro: análise da significação, harmonia e
sequência dos sons e conjugação destes com as imagens. A nitidez do elemento
sonoro é factor preponderante.
Impacto visual e sonoro: verificar a sequência e grandiosidade das
imagens e a riqueza e tonalidade dos sons face aos objectivos definidos. A
dinâmica do ritmo da apresentação é primordial, tal como a perfeita conjugação
e significação entre os sons e as imagens. Só assim se conseguirá que a
mensagem sensibilize o espectador.
6.10 Exercício
Analise a planificação de uma tomada de fotografias e adapte-a para a
implementação de um diaporama.
6.11 Auto-avaliação
Das opções seguintes, seleccione aquela que lhe parece mais correcta.
1. Um Diaporama é:
Uma montagem visual acompanhada de uma narrativa.
Uma montagem audiovisual que combina uma banda visual com uma banda sonora,
formando um todo harmonioso.
Uma montagem visual acompanhada por um conjunto de sons.
Resposta:
2. Um Diaporama Didáctico é:
Utilizado para propor questões com o sentido de despertar a sensibilidade
do participante para um determinado tema.
Utilizado para suscitar o debate ou movimento de opinião.
Utilizado para veicular noções e informações em ordem a uma aprendizagem
eficiente.
Resposta:
3. Uma Sessão de Diapositivos ou um Diaporama:
Exigem uma planificação cuidadosa, traduzida num guião com definição de
tempos de exposição, imagens e sons a utilizar, estes para o segundo.
Podem ser executados sem uma planificação rigorosa, que o resultado final
não sofre alteração significativa.
Exigem um grande esforço de execução, mas a planificação deve ser
organizada apenas em traços gerais.
Resposta:
4. Um Diaporama Automatizado difere de um com Sincronização Manual, porque:
Apesar de ambos precisarem de muita planificação, o segundo exige do operador
uma atenção redobrada às referências tidas como sinal de avanço para o
diapositvo seguinte.
O segundo exige uma planificação muito mais rigorosa do que o primeiro.
O primeiro exige uma planificação muito mais rigorosa do que o segundo.
Resposta:
5. A preparação de uma Sessão de Diapositivos ou de um Diaporama:
Deve ser testada antecipadamente, mas não necessariamente no local onde vai
decorrer.
Deve ser testada apenas para termos a certeza de que os diapositivos se
encontram na posição e sequência correcta.
Deve ser testada no próprio local de desenvolvimento, verificando todos os
factores que podem afectar a imagem e o som.